Realizar um sonho traz felicidade?

Nesta época do ano, é comum sonhar. As luzes e a magia do Natal, a união das famílias e amigos, a lista de metas para o próximo ano contribuem para isso. É um momento especial em que muitos de nós renovamos as esperanças e passamos a enxergar a vida com mais cores.

Mas e quando o bom velhinho resolve atender o nosso pedido? Aquele que a gente escreve na cartinha para o Papai Noel desde criança ou faz quando sopra as velas do bolo de aniversário. O mesmo que pedimos para Papai do Céu em nossas orações, quando vemos uma estrela cadente ou quando o gênio da lâmpada resolve aparecer. Estamos preparados para receber?

Desde criança, sonhava em explorar o mundo. Aos 37 anos, Papai do Céu resolveu me perguntar se eu estava preparada e respondi eufórica e saltitante que SIM!

O mesmo sim que respondemos para o pedido de namoro feito pelo amor da nossa vida; para a sonhada oportunidade de trabalho; para a oferta de sorvete, chocolate ou qualquer guloseima que amamos. Aquele sim de cena de filme que faz todo mundo chorar de emoção e alegria com um final feliz, ao som da nossa música favorita. Felicidade plena! Celebremos! Eeeeee!

Mas e no dia, mês ou ano seguinte? Conseguimos manter a mesma euforia e felicidade?

Arrisco dizer que, na maioria das vezes, não.

Quando sonhamos, imaginamos as coisas boas. Os melhores lugares e experiências do mundo, o parceiro sem defeitos, o trabalho perfeito e por aí vai.

No entanto, quando o primeiro desafio chega, questionamos se estamos vivendo um sonho ou um pesadelo. Os psicólogos devem ter alguma explicação científica para isso, eu descobri na prática mesmo.

É um exercício constante. Talvez o ser humano seja um eterno insatisfeito e tem uma tendência natural para reclamar, sei lá. Confesso que me flagrei várias vezes reclamando das burocracias da imigração, da comida local, das pessoas mal-educadas, do calor ou frio excessivo, do vento, da poluição, do barulho, dos preços altos. Eu não sonhava em explorar o mundo, gente? O pedido vem com o pacote completo! Incluindo os contras que não são publicados nas fotos perfeitas do Instagram.

Por que estou compartilhando tudo isso aqui no blog? Porque ao longo desses 21 meses de viagem, em três continentes diferentes, atraí seguidores que acham incrível o que estou fazendo. E realmente é. Agradeço todos os dias por realizar um dos meus sonhos.

Entretanto, preciso reforçar para as pessoas que pretendem seguir um caminho parecido que a felicidade não é constante. Como tudo na vida, ela também passa. Cabe a nós buscarmos nosso centro e equilíbrio, independente do lugar ou com quem estivermos, dentro de nós. É o que tento fazer diariamente e, agora, com mais intensidade, neste período que estou sozinha em Sydney (graças aos amigos cariocas que me emprestaram sua casa enquanto celebram as festas de fim de ano no Brasil). Anjos da solidariedade! Eles estão em todo lugar.

Decidi dar uma pausa no projeto durante um mês para refletir sobre o meu ano de 2018, avaliar os principais triunfos e desafios, fazer uma retrospectiva dos momentos felizes e tristes, listar e agradecer por todo aprendizado e tentar planejar (apesar de já saber que não funciona muito bem) os próximos passos.

Uma pausa para estar comigo, conectar-me com a minha essência e propósito da viagem. São quase dois anos trocando com frequência de endereço, cama, travesseiro, cozinha, comida, clima, idioma, cultura, amigos… e ainda tenho mais três anos pela frente. É tudo tão intenso que eu precisava deste momento.

Pretendo tirar férias também das redes sociais. Tentarei focar no meu lado criativo, consolidando meus principais aprendizados para começar a produzir materiais para a realização do meu próximo sonho: a cocriação de uma escola para todos, apoiando o desenvolvimento do talento natural de cada aprendiz, respeitando seu próprio tempo e escolhas, sem a pressão de nenhum sistema. Utópico? Na minha visão, não. O inédito somos nós que fazemos.

Aproveito para agradecer cada demonstração de apoio que recebi através de diferentes canais nos momentos felizes e tristes da minha jornada. Essa solidariedade me alegra, o carinho me conforta e todo amor e compaixão me abraçam e nutrem meu projeto. Gratidão!

Desejo a vocês muitos sonhos!
Fé e coragem para realizar os antigos,
Imaginação para semear os novos,
Bondade para ajudar os povos.
Desejo a euforia da felicidade!
Amor de verdade.
Desejo corações batendo forte!
De alegria por receber uma surpresa,
E ter o que mais gostam na mesa.
Desejo que estejam preparados!
Quando vier a tristeza,
Foquem nos aprendizados.

Nas palavras do poeta cearense Bráulio Bessa:

“A vida não é tão fácil
Viver não é só sorrir
A lagarta que rasteja
Rasteja para evoluir
Se transforma em borboleta
Depois voa por aí.”

Pousei na Austrália, mas em 2019 seguirei meus voos pela Nova Zelândia e Ásia.

Seguimos aprendendo e evoluindo juntos! Boas festas!