Movimento: Educação Inclusiva

O sol está aparecendo após a tempestade e eu tenho voltado a bater minhas asas com mais energia e alegria. Celebro este momento e movimento!

Como mencionei no texto Começando a sair do casulo após os lutos, estou numa fase diferente da resposta inicial às perdas. 

Uma fase de mudança e movimento, seguindo o caminho e a inteligência do meu coração.

Uma fase também para respirar, observar, ouvir e entrar em profunda conexão com as possibilidades criativas que surgem, abrindo espaço para sintonizar com o futuro que quero cocriar.

Quem me acompanha, sabe que tenho o sonho ousado de transformar o mundo através da Educação para a Sustentabilidade em todas as suas dimensões – especialmente a social.

E muitas oportunidades têm aparecido para que este sonho se realize!

Como diz a Julia Cameron no livro O Caminho do Artista, Deus gosta de se exibir e realizar sonhos! Portanto, cuidado com o que você sonha e coloca sua energia. Você pode ser usad@ como instrumento de exibição divina. 😉


Desde julho, tenho trabalhado remotamente como voluntária num projeto de Educação Inclusiva, que será implementado em Moçambique/África, assim que as fronteiras internacionais abrirem com segurança e a equipe multinacional e cultural puder viajar.

O Projeto EAGLE (Empowering Adolescent Girls to Learn and Earn) visa capacitar, empoderar e apoiar meninas e mulheres jovens fora da escola nas províncias de Manica e Sofala através do acesso à educação básica e ao empoderamento econômico.

Rute's daughter Linda (aged 15) inside the barraca at the front of their house in Maputo.
Fonte: VSO

Breve contexto em Moçambique:

  • 94% das meninas matriculam-se na educação primária
  • 45% das meninas não chegam até a 5ª série
  • 11% das meninas matriculam-se na escola secundária
  • 1% vai para a universidade
  • 50% das meninas são casadas antes dos 18 anos
  • 35% das meninas são casadas antes dos 16 anos
    (Fonte: VSO Moçambique, agosto de 2020)

Objetivo principal do Projeto EAGLE: Empoderamento para permitir melhorias na vida de 3000 meninas e adolescentes.

Principais Intervenções:

Por meio da alfabetização (letras e números) e da educação sobre saúde sexual reprodutiva, direitos e proteção contra a violência baseada no gênero, nosso objetivo é que as jovens desenvolvam habilidades básicas de leitura e escrita que precisam para se beneficiarem das oportunidades de geração de renda e independência econômica.

Ao longo de cinco anos, o projeto pretende alcançar 3000 meninas, 120 educadores comunitários, e pelo menos 4000 rapazes, homens, familiares e membros da comunidade, para conscientizá-los sobre igualdade de gênero e educação, empoderamento e direitos da mulher.

Fonte: VSO

Ações de Apoio:

  • Criação de Centros Locais de Aprendizagem com instalações apropriadas (20 por província, para cada grupo de 500 por província);
  • Transferência mensal de fundos para as alunas;
  • Financiamento para cuidados familiares ou comunitários para as crianças;
  • Financiamento de transporte para os centros de aprendizagem;
  • Kits de aprendizagem;
  • Produtos sanitários;
  • Rede de apoio por pares;
  • Apoio às Associações de Poupança e Empréstimos de Aldeias (VSLAs);
  • Aconselhamento técnico e empresarial;
  • Fundo social para os mais necessitados.

Como voluntária internacional, na função de Consultora e/ou Conselheira, minhas principais responsabilidades são/serão:

  • Trabalhar em estreita colaboração com toda equipe local e global, parceiros e beneficiários;
  • Apoiar no desenvolvimento de currículos apropriados e de materiais de ensino e aprendizagem, bem como na capacitação dos educadores locais;
  • Colaborar no desenvolvimento e na divulgação de guias de boas práticas pedagógicas e de educação inclusiva em matéria de gênero;
  • Monitorar e apoiar o trabalho dos educadores através de visitas regulares nos Centros de Aprendizagem para acompanhar o processo ensino-aprendizagem, realizar debates e prestar aconselhamentos;
  • Apoiar na formação e no apoio de mentores por pares;
  • Coletar dados para monitorar e avaliar o progresso e as realizações do projeto, a fim de identificar qualquer necessidade de mudança e melhoria;
  • Apoiar no desenvolvimento e na realização de atividades de intervenção para influenciar atitudes e comportamentos em relação à equidade de gênero, educação e direitos da mulher;
  • Promover eventos de sensibilização para homens, rapazes, familiares e comunidade em geral;
  • Apoiar campanhas nos meios de comunicação, arte e cultura;
  • Contribuir para a sensibilização dos líderes comunitários e religiosos;
  • Influenciar os decisores políticos na implementação de políticas inclusivas e sensíveis à equidade de gênero, direitos das mulheres e empoderamento; e encorajar as melhores práticas em pedagogia e educação inclusiva.

Como vocês podem perceber, o desafio é enorme! Do jeitinho que eu gosto.

Em paralelo, tenho participado também remotamente de alguns projetos aqui no Brasil. Compartilhei alguns frutos já colhidos aqui.


+ Leia mais:

Meu primeiro texto na Revista Mar Aberto – um espaço sobre Autoconhecimento, Autocompaixão, Comunicação Não-Violenta e Inteligência Emocional. Vale a pena conferir essa coletânea escrita por muitos tentáculos!