Um ano no Brasil

Amanhã, 22 de abril, faz um ano que fui repatriada.

Começo este texto praticando a gratidão (“uma sensação de maravilhamento, agradecimento e apreciação pela vida”, como define o psicólogo Robert Emmons).

Sou grata pela minha saúde, por poder respirar sem ajuda de aparelhos, no conforto e aconchego do meu novo lar.

Também agradeço a saúde dos meus familiares, amigos e leitores (espero que vocês, assim como eu, estejam resilientes e confiantes de que tudo isso vai passar em breve. A vacina está chegando aos poucos…).

Não tenho a intenção de fazer uma retrospectiva do meu ano de reclusão no Brasil. Tem sido uma longa e difícil pausa; e relatá-la demandaria muita energia.

A minha real intenção com esse texto é ter a companhia de vocês nestes tempos de travessia.

“Nós passamos a maior parte de nossas vidas pensando no passado e fazendo planos para o futuro. Ignoramos ou negamos o presente e adiamos nossas conquistas para algum dia distante, quando conseguiremos tudo o que desejamos e seremos, finalmente, felizes.
Buscamos, do lado de fora, migalhas de prazer, aprovação, segurança ou amor, embora tenhamos um tesouro guardado dentro de nós”.
Eckhart Tolle, autor do best seller O Poder do Agora - que estou relendo.

Referenciei Tolle para compartilhar com vocês a minha recuperação de um episódio de depressão e ansiedade – principal motivo do meu afastamento do mundo virtual.

A depressão como consequência da prisão emocional aos recentes lutos (passado!) e a ansiedade por estar extremamente preocupada com o meu projeto pessoal de vida (futuro!). Senti, inclusive, muita falta de um parceiro/companheiro para fazer essa travessia comigo.

O longo período que passei durante minha jornada renunciando a quase tudo no plano físico, sem emprego, casa, relacionamentos amorosos, nem identidade social definida, pesou bastante e eu entrei em crise existencial.

Mergulhei novamente num processo de autoconhecimento, em busca da minha verdadeira natureza e essência, da minha presença e consciência.

O pequeno passo que dei na tarde do domingo de Páscoa tem me ajudado bastante nessa recuperação e busca: conquistei um novo cantinho imerso na Natureza exuberante do Rio de Janeiro, numa localização muito tranquila em São Conrado – entre as montanhas e o mar.

Pedra da Gávea e Pedra Bonita
Praia do Pepino

Escolhi este refúgio para encarar o caos em que vivemos atualmente, sem enlouquecer.

Senti uma necessidade enorme de me aproximar da floresta e do oceano, potentes curadores naturais.

O meu novo lar tem sido um espaço sagrado para a minha reconexão com a Natureza, com Deus e comigo mesma, através de uma rotina simples, minimalista e sem pressa.

Tenho tentado viver um dia de cada vez, sentindo o precioso poder do agora.

Meu trabalho remoto (projeto de Moçambique) continua ativo e em ritmo desacelerado. Foi redesenhado para implementação online em 2021, enquanto aguardamos os próximos capítulos da pandemia para liberação das viagens internacionais em 2022. Tudo no seu tempo.

“O que nos ajuda a encarar essa confusão que vivemos é o entendimento de que cada um de nós tem algo significativo para oferecer, uma contribuição a fazer. Ao enfrentarmos o desafio de desempenhar nosso melhor papel, descobrimos algo precioso que enriquece nossas vidas e contribui para a cura do nosso mundo. Em uma ostra, em resposta a um trauma, cresce uma pérola. Nós crescemos e oferecemos nossa dádiva de Esperança Ativa.
Esperança Ativa é prontidão para se engajar.
Esperança Ativa é boa vontade para descobrir as forças em nós mesmos e nos outros.
Uma facilidade para descobrir as razões para esperar e as oportunidades para amar.
Uma vivacidade para descobrir o tamanho e a força de nossos corações.”
Joanna Macy e Chris Johnstone, livro Esperança Ativa.

Com amor, gratidão e esperança ativa.

Cuidem-se!