Esta minha jornada está repleta de experiências pela primeira vez. E a mais temida por mim está chegando: encarar o rigoroso inverno europeu.
Para uma ariana carioca movida a sol, ele já chegou com a temperatura variando entre 5 e 7°C. Nunca me preparei para a estação mais fria do ano. Ela simplesmente chegava com as festas juninas, o fondue entre amigos, o cinema em casa com pipoca. Nada trabalhoso que exigisse um preparo externo e interno.
Neste ano, estou vivendo algo completamente diferente. Desde setembro, quando eu ainda estava na Dinamarca, tenho acompanhado o preparo das comunidades europeias para o inverno.
As pessoas vão ficando mais introspectivas, porém ativas, pois precisam estocar madeiras e alimentos, guardar materiais expostos nos quintais e jardins e preparar-se emocionalmente para planejar o próximo ano. Realmente vivem cada estação com toda a sua intensidade.
Na Croácia, com a chegada do outono, participei de um evento de transição dos seis meses de luz, para os próximos seis meses de escuridão. Na oportunidade, fomos desafiados a buscar na Natureza algo que representasse a nossa necessidade interior naquele momento. Durante a caminhada solo e em silêncio, fui guiada pelo universo para uma casa de pedras, espécie de caverna construída pelo homem. O meu interior desejava força e abrigo para a próxima estação escura, e encontrei um espaço onde pude meditar e encontrar a luz do sol entrando timidamente pelos vãos. Ela entrou, aqueceu meu coração e refletiu em uma única folha verde existente na caverna, me mostrando que há vida mesmo nos dias e locais mais sombrios.
E é com essa luz interior que eu me preparo para a próxima estação, onde terei oportunidade de fazer profundas conexões com o outro e comigo mesma, agradecer e celebrar todo o ciclo de Gaia.