Uma jornada por lugares escuros

Encerrei meus dois últimos textos aqui no blog falando sobre sombras e luzes.

Começo este com uma ilustração da cartunista e colunista Donna Mauren Veras, que traduziu em quadrinhos suas impressões sobre o livro “Mulheres que Correm com os Lobos” da Clarice Pinkola Estés.

Adiciono, para a nossa reflexão, um pequeno trecho do livro em referência:

“Num único ser humano existem muitos outros seres, todos com seus próprios valores, motivos e projetos.

Algumas tecnologias psicológicas sugerem que prendamos estes seres, que os numeremos, que os classifiquemos, que os forcemos a aceitar o comando até que nos acompanhem como escravos vencidos.

Agir assim equivale, no entanto, a impedir a dança das luzes selváticas nos olhos de uma mulher; a proibir os relâmpagos e reprimir toda emissão de centelhas.

Em vez de deturpar sua beleza natural, nossa tarefa consiste em criar para todos esses seres uma paisagem selvagem na qual os artistas entre eles possam criar, os amantes amar, os curandeiros curar.”

***

Nos últimos meses, a minha chama criadora tem dançado entre as sombras e luzes selváticas dos muitos seres que existem dentro de mim. Alguns deles me alimentam com aquilo que me faz sentir viva e livre; outros tentam inibir minhas centelhas e me escravizar.

Toda essa dança me remete a Ariano Suassuna e a Fernando Pessoa:

“A tarefa de viver é dura, mas fascinante”. Ariano Suassuna

“Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo”. Fernando Pessoa

Esse mesmo fogo andou destruindo e levando embora o que precisava morrer nesta minha nova fase de reinvenção, abrindo caminho para a criatividade, amor e cura.

Das parcerias mencionadas no último texto, brotaram dois frutos que vocês podem colher gratuitamente, e ajudar a arar, semear e cuidar:

1) Ebook Jornada do Ego ao Eco, onde tive a oportunidade de criar e produzir o livro eletrônico idealizado pelo Impulso Eco.

Por que do Ego ao Eco? (trecho do ebook)

Transformar envolve o processo de morte e renascimento!

Deixar o velho morrer para que o novo possa nascer é algo que nos direciona ao desapego. Exige um movimento corajoso para ver, perceber e sentir o que em nós impede a evolução do Uno e do Todo.

O caminho do ego para o eco é um convite para soltarmos as amarras, é um processo de ‘deixar ir’ onde colocamos o ego em seu lugar – “desap-ego”.

O ego quer apenas nos proteger, nos defender e garantir a nossa sobrevivência. Se nos contentamos com isso, nos apequenamos, nos limitamos ao individualismo, ao egoísmo, à competição e à escassez.

Sair da consciência egossistêmica para a consciência ecossistêmica é um processo de abertura e ampliação.

Quando deixamos o eco emergir, nos alinhamos ao fluxo da vida, aos princípios de regeneração e à interdependência.

Eco vem de oikos que do grego significa a casa toda, ou seja, o todo integrado e harmônico. Somos todos um! O bem-estar de um só pode ser o bem-estar do todo e vice-versa.

Na medida em que nos transformamos, também transformamos os sistemas e os ecossistemas. Assim, estamos cocriando uma jornada de cura, expressão da essência, autorrealização, expansão e felicidade.

“Não negue ao mundo seus dons. Cada um de nós é uma medicina para o mundo e vai tornar mais luminosa a realidade que percebemos.” Jorge Koho Mello

2) Revista Mar Aberto, um espaço de vulnerabilidade, cuidado e acolhimento, onde escritores e leitores possam mergulhar internamente, sentir, manifestar e celebrar o fato de serem livres para expressarem o que são essencialmente.

Pintura poética de Duy Huynh

Texto apresentando a Revista Mar Aberto – Autoconhecimento, Autocompaixão, Comunicação Não-Violenta e Inteligência Emocional.

Como um mentor, o mar me ajuda a explorar e entender a melhor e pior versão de mim. Me encoraja a expressar minhas vulnerabilidades, a manifestar as minhas sombras sem medo do julgamento, a celebrar minha humanidade! No mar, eu sempre tomei as decisões mais importantes da minha vida. Ele me acalma, conforta, energiza, cura e equilibra.

É meu divã! Onde minhas luzes selváticas dançam e geram centelhas!