Meu primeiro trimestre no Vietnã foi uma montanha russa de emoções (assunto para outro post), que incluiu a minha primeira participação como coautora de um livro: Coletânea Reedificações – histórias de mulheres brasileiras que se reinventaram pelo mundo.
A coletânea é sobre – e para – aquelas mulheres que acreditam em si mesmas, para as que vivem os seus sonhos e os fazem, de um modo ou de outro, acontecer. 32 autoras brasileiras que em algum momento de suas trajetórias precisaram se reinventar perante as imperfeições da vida e, que hoje, pretendem inspirar e empoderar mulheres compartilhando suas histórias. A minha contribuição foi com o conto “Dois sonhos em uma mochila”.
Eu não fazia ideia de como era desafiador contar em detalhes a minha história. Por estar um pouco perdida sobre como começar, decidi perguntar a um menino de 11 anos o que ele gostaria de ler em um livro autobiográfico. Ele sabiamente me respondeu que gostaria de receber algo em que ele pudesse sentir as emoções dos personagens.
Como valorizo muito a opinião de uma criança, segui sua recomendação. Em meio ao meu processo de adaptação ao caos de Hanói, passei cinco dias (de 5h às 7h da manhã) escrevendo sobre minhas principais emoções nos últimos 40 anos. O resultado: 13 páginas, 6500 palavras e uma queda de imunidade. Após dois anos viajando sozinha, foi a primeira vez que fiquei doente. O corpo reagiu ao mergulho que dei na minha própria história resgatando dores e alegrias.
Quando entreguei o conto, recebi o retorno da coordenadora notificando uma confusão na interpretação do regulamento. O conto precisava conter 6500 caracteres com espaços e não 6500 palavras como determinam os regulamentos dos sites que contribuo como colunista. Fui no automático!
Ou seja, não precisava ter mergulhado tão profundamente em minhas emoções e teria poupado a queda de imunidade que literalmente me derrubou. Blindada emocionalmente, tive que resumir o texto que se transformou em 1050 palavras. A boa notícia é que tenho um precioso começo para o meu futuro livro. 🙂
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Diante da página em branco do capítulo que precisava escrever, parei para me questionar e refletir sobre a minha intenção com este projeto coletivo.
Como suporte, usei um método que desenvolvi em agosto de 2018 durante a minha passagem pela Green School Bali, escola pioneira e referência em Educação para Sustentabilidade (tema central da minha jornada de volta ao mundo).
Eu o batizei de “WHY? (Por quê?)” e dedico a todas as crianças, especialmente àquelas que estão adormecidas dentro de nós. É uma ferramente simples e gratuita que pode ser aplicada facilmente para questionar ou validar uma intenção, oportunidade, atividade, lição, projeto ou sonho. Basta voltar aos três ou quatro anos de idade, resgatar a curiosidade inerente da criança na fase de construção e descoberta da sua própria identidade, e perguntar: “por quê?”.
Como esta parte não será publicada no livro, estou compartilhando aqui no blog algo que criei para o meu uso pessoal, ao me que questionar o porquê eu estava quebrando a cabeça tentando aprender a fazer nós e amarras durante o curso de Escolas na Floresta na Indonésia.
A figura abaixo pode não estar muito clara porque usei os caracteres do teclado do meu laptop para representá-la. Foi inspirada na cultura balinesa e simboliza o conceito do triângulo Tri Hita Karana, em tradução literal, as “três causas do bem-estar” ou “três razões para a prosperidade”. São elas:
1) Harmonia entre as pessoas, através da cooperação comunitária e promoção da compaixão.
2) Harmonia com a natureza ou meio ambiente, promovendo a sustentabilidade.
3) Harmonia com Deus, equilibrando autoconhecimento e espiritualidade.
Sustentabilidade pode parecer um tema complexo. No meu entendimento, significa conexão, comunidade. Os vértices do triângulo, apesar de não estarem representados nesta tentativa sem muito sucesso de desenho geométrico, são os elementos mais importantes do método que criei por representarem a conexão de cada indivíduo com o todo, com as pessoas e consigo mesmo ao refletir sobre qualquer questão.
(Human Being)
H
/ \
/ __ \
W Y ?
(World) (Yourself)
W = World (Mundo, Planeta, Natureza, Meio Ambiente, Mãe Terra, Universo – todo)
H = Human Being (Ser Humano, as pessoas, o próximo – coletivo, comunidade)
Y = Yourself (Você enquanto indivíduo)
Nota: Com relação a Deus, como é algo muito individual, a aplicação fica a critério de cada um e em qualquer vértice.
Desenvolvi em inglês por ser a língua que utilizo para me comunicar durante a viagem. Traduzindo literalmente para o português, teremos:
(Ser Humano)
H
/ \
/ __ \
W Y ?
(Mundo) (Você)
Aplicação na prática:
– Para mim, enquanto coautora deste livro
1) Pergunta chave: Por que eu decidi participar deste projeto coletivo escrevendo sobre minhas experiências pessoais?
W: Por que ele é importante para o mundo?
H: Por que ele é importante para as outras mulheres (ou leitores em geral)
Y: Por que ele é importante para mim?
Decidi participar deste projeto coletivo porque ele tem como base a cooperação desde o seu início. A mesma base aplicada ao meu projeto pessoal que une dois sonhos. Portanto, houve conexão imediata.
W: Considero este livro importante para o mundo porque é mais uma ferramenta que contribui para a luta pela igualdade social e de gênero. Porque ele dá voz a mulheres empoderadas que tiveram coragem de se reinventar pelo mundo fora de suas zonas de conforto.
H: Ele é importante para inspirar, encorajar e empoderar outras mulheres ou pessoas que sonham em fazer o mesmo, mas estão presas aos seus próprios medos e sombras.
Y: É importante para mim porque aumenta a minha conexão com a comunidade brasileira e o desejo de cooperar, servir e ajudar; e faz com que eu admire e valorize ainda mais a minha história pessoal de vida aumentando a minha autoconfiança e autoestima.
Ingressei neste projeto, aos 45 do segundo tempo, exatamente no dia do lançamento da campanha no Catarse – primeira plataforma de financiamento coletivo para projetos criativos no Brasil. É mais sobre pessoas e menos sobre dinheiro. O Catarse é palco para uma comunidade de apoiadores e realizadores que transformam projetos em realidade, onde pessoas constroem relações de confiança baseadas no desejo mútuo de fazer projetos acontecerem.
E foi isto que aconteceu com a Coletânea Reedificações! A três dias do término da campanha, batemos a nossa meta graças ao apoio e cooperação de uma comunidade internacional! Felicidade nos resume neste momento! O livro – que está sendo coordenado e organizado por Farah Serra, com direção editorial da Fafalag Editora, através da modalidade ecológica de “autopublicação” onde somente é produzido sob demanda – tem o lançamento programado para outubro de 2019, em Gênova, na Itália e no dia 14 de dezembro de 2019, no Impact Hub São Paulo, Brasil.
Agradecemos imensamente a todos que abraçaram e acreditaram neste projeto que se tornou nosso!
Aos meus amigos e familiares que contribuíram carinhosamente, recebam o meu abraço apertado em forma de gratidão. A entrega dos exemplares está prevista para outubro (frete internacional) e dezembro (frete nacional). Aos que não puderam contribuir, mas torceram ou apoiaram na divulgação, igualmente agradeço com amor e carinho.
Aos que estão sabendo do projeto somente através deste texto, informo que ainda dá tempo de garantir o seu exemplar ou dar de presente a uma mulher clicando neste link. O legal é que você paga o valor que quiser e puder. A campanha encerra na segunda-feira (24/06/2019).
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Já plantei algumas árvores, gerei um bebê que se foi prematuramente e escrevi um capítulo de um livro. No entanto, estou longe de estar realizada como sugere o provérbio popular. Ainda quero terminar minha volta ao mundo como voluntária, fundar uma escola no Brasil, adotar uma ou mais crianças e escrever o meu próprio livro (não necessariamente nesta ordem).
Seguimos de mãos dadas inspirando e sendo inspiradas! Registro o meu agradecimento especial à Farah Serra, à Fatima Nascimento e a todas as autoras que protagonizaram este projeto. Juntas somos mais fortes!
Confira também:
1) Meus últimos textos publicados nos sites que contribuo como colunista:
+ How can HundrED Innovations Help Prepare Today’s Youth for a Sustainable World?
+ Como financio meu projeto de volta ao mundo
+ 10 dicas para viajar o mundo como voluntária
+ Tempo: o que temos de mais precioso
2) O trabalho que estou desenvolvendo voluntariamente na primeira Green School em Hanói (Genesis School):
+ Desenhando e integrando o currículo escolar (Green Education K-12) aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU
+ Gerenciando os projetos de verão (Summer Camp)
3) Minhas aventuras pelo Norte e Centro do Vietnã vivenciando a cultura local, explorando a Natureza exuberante e participando de trabalhos sociais com comunidades indígenas:
+ Fotos no Facebook
Com amor e em comunidade,
Vanessa Tenório
Realizadora dos
próprios sonhos