Aprendizagem para a transformação

Fomos todos pegos de surpresa pela realidade nos últimos dias e estamos aprendendo juntos a desenhar uma resposta comunitária inclusiva à crise pandêmica do COVID-19 (“Coronavírus”).

As autoridades estão tomando medidas para impedir a introdução e a disseminação do vírus nas comunidades em todo o mundo.

Na área da Educação, estudantes, pais e educadores estão sentindo o extraordinário efeito cascata do vírus quando as escolas são fechadas e os métodos de quarentena são ordenados em meio à emergência de saúde pública.

Educadores do mundo inteiro estão trabalhando em recursos para fornecer algum alívio e ideias sobre como lidar com essa situação, para que este período difícil seja mais leve para os mais jovens e com o máximo de tranquilidade possível para todos.

Faço parte de diferentes comunidades locais e globais e fiz um resumo com os principais recursos online gratuitos (também em inglês) que foram compartilhados nestes grupos.

Como são muitos links e o Google pode considerar este texto como spam, criei um documento e disponibilizei o acesso público. Clique aqui para visualizar.

É uma avalanche de informação e eu sugiro que não sobrecarreguem as crianças, nem a família com muitas atividades online.

Sejam criativos na construção de uma nova rotina.

O momento pede recolhimento, reflexão e criação coletiva. A arte é uma excelente forma de expressão. Resgatem talentos e sonhos adormecidos.

Que tal lançar um desafio em família durante a quarentena e organizar um show de talentos? Eu amo esta atividade e a diversão é sempre garantida, mesmo com um grupo pequeno.

O desafio também pode ser cada membro pesquisar um tema novo por dia e compartilhar o aprendizado com toda família antes ou depois do jantar. Que seja um tema de livre escolha, algo que traga brilho nos olhos de quem está pesquisando, e que possa ser compartilhado da maneira que cada participante se sentir mais confortável. É uma forma de estimular a aprendizagem autodirigida.

O Alex Bretas, escritor e facilitador apaixonado por aprendizagem autodirigida, escreveu um artigo esta semana fazendo duas perguntas poderosas para nos ajudar a refletir sobre esse momento:

Como dar conta do que queremos e precisamos fazer diante de tudo isso?

Como ampliar nossa visão e aprender com o que está acontecendo?

Eu dei a minha contribuição e compartilho abaixo minha reflexão sem filtro nem revisão:

1) Como dar conta do que queremos e precisamos fazer diante de tudo isso?

Minha contribuição maior será com a segunda questão, tendo em vista que não estou conseguindo dar conta do que quero e preciso fazer diante de tudo isso (também estou buscando alternativas) e sentindo-me perdida do outro lado do mundo, no continente asiático, onde tudo começou.

Tento, principalmente:

  • Proteger-me física e emocionalmente com alimentação saudável e meditação – tentando incluir atividades físicas diárias, mas sem energia no momento;
  • Blindar-me durante o período que separo para produtividade (evitando o acesso às redes sociais e o acesso a qualquer tipo de informação que não esteja relacionada ao que estou me propondo a fazer);
  • Conectar-me com a minha criança, mais pura e criativa essência.

2) Como ampliar nossa visão e aprender com o que está acontecendo?

Como?

  1. Abrindo-se
  2. Conscientizando-se
  3. Reconectando-se

1. Abrindo-se

  • para a escuta atenta (ouvindo a inteligência coletiva);
  • dando voz a todos que queiram manifestar-se e contribuir, não deixando ninguém para trás;
  • evitando pré-julgamentos;
  • observando o que pode estar por trás de cada pensamento, sentimento e ação;
  • para mudar de opinião;
  • para quebrar paradigmas;
  • para a flexibilidade;
  • para novos aprendizados;
  • para o resgate de essência, sonhos, talentos adormecidos;
  • para a criatividade em larga escala;
  • para a sabedoria não violenta;
  • para a solidariedade e voluntariado (ajudar e ser ajudado), sem condenar quem neste momento não está conseguindo ser;
  • para a transformação e evolução individual e coletiva;
  • para um novo sistema econômico, social e ecologicamente sustentável.

2. Conscientizando-se

  • da gravidade da situação atual;
  • da necessidade do exercício da cidadania, da compreensão, compaixão, gentileza, união;
  • da autorresponsabilidade;
  • da espiritualidade, do autocuidado;
  • da necessidade de ações comunitárias, de cuidarmos um do outro (especialmente dos mais vulneráveis);
  • da luta por um mundo sem fronteiras, justo e igualitário;
  • de que somos um ser social,
  • do senso de interdependência e parceria;
  • de que a colaboração deve ser estimulada e a competição eliminada;
  • da necessidade do consumo consciente, do minimalismo;
  • da criação de comunidades locais autossuficientes.

3. Reconectando-se

  • consigo mesmo;
  • com os outros; e
  • com a Natureza.

Em agosto de 2018, durante a minha passagem pela Green School Bali – escola pioneira e referência em Educação para Sustentabilidade (tema central da minha jornada de volta ao mundo, enquanto faço um doutorado informal aprendendo na prática através do voluntariado), desenvolvi um método para reconexão.

Eu o batizei de “WHY? (Por quê?)” e dedico a todas as crianças, especialmente àquelas que estão adormecidas dentro de nós. É uma ferramente simples que pode ser aplicada facilmente para questionar ou validar uma intenção, oportunidade, atividade, lição, projeto ou sonho. Basta voltar aos três ou quatro anos de idade, resgatar a curiosidade inerente da criança na fase de construção e descoberta da sua própria identidade, e perguntar: “por quê?”.

Um metodo que criei para o meu uso pessoal, ao me que questionar o porquê eu estava quebrando a cabeça tentando aprender a fazer nós e amarras durante o curso de Escolas na Floresta na Indonésia.

A figura abaixo pode não estar muito clara porque usei os caracteres do teclado do meu laptop para representá-la. Foi inspirada na cultura balinesa e simboliza o conceito do triângulo Tri Hita Karana, em tradução literal, as “três causas do bem-estar” ou “três razões para a prosperidade”. São elas:

1) Harmonia entre as pessoas, através da cooperação comunitária e promoção da compaixão.
2) Harmonia com a natureza ou meio ambiente, promovendo a sustentabilidade.
3) Harmonia com Deus, equilibrando autoconhecimento e espiritualidade.

Sustentabilidade pode parecer um tema complexo. No meu entendimento, significa conexão, comunidade. Os vértices do triângulo, apesar de não estarem representados nesta tentativa sem muito sucesso de desenho geométrico, são os elementos mais importantes do método que criei por representarem a conexão de cada indivíduo com o todo, com as pessoas e consigo mesmo ao refletir sobre qualquer questão (especialmente sobre este grave momento em que estamos vivendo).

              (Human Being)
                         H
                        /  \
                      / __ \
                W            Y ?
           (World)  (Yourself)

W = World (Mundo, Planeta, Natureza, Meio Ambiente, Mãe Terra, Universo – todo)
H = Humanity (Humanidade, as pessoas, o próximo – coletivo, comunidade)
Y = Yourself (Você enquanto indivíduo)

Nota: Com relação a Deus, como é algo muito individual, a aplicação fica a critério de cada um e em qualquer vértice.

Desenvolvi em inglês por ser a língua que utilizo para me comunicar durante a viagem. Traduzindo literalmente para o português, teremos:

              (Humanidade)
                         H
                        /  \
                      / __ \
                W            Y ?
          (Mundo)    (Você)

Adaptando a segunda pergunta ao método:

Por que precisamos ampliar nossa visão e aprender com o que está acontecendo (considerando esses três elementos)?

*Essa foi minha resposta às perguntas do Alex. Eu já havia compartilhado o método WHY neste texto. Apenas copiei e fiz alguns pequenos ajustes. Portanto, pode ser familiar para quem acompanha o blog.

Contribuam com suas respostas neste link. Ele publicará um compilado das melhores na semana que vem.

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“Se nada mudasse, não haveria borboletas.” Transformemos!

Fiquem bem, e em casa, por amor.