Na Holanda desde o primeiro dia de maio, cheguei em Nijmegen sem nenhuma pretensão.
No meu primeiro post em parceria com a Broto Design, eu relato que não planejo mais o que fazer nas cidades que visito. Geralmente, decido apenas o país e começo a aplicar para trabalhos voluntários. Quando não consigo (ou não me identifico com a oportunidade – que foi o caso da Holanda), eu aciono a minha rede de contatos, o Couchsurfing ou o grupo das Brasileiras pelo Mundo. Tem dado certo há 14 meses!
Essa breve introdução é para demonstrar que, salvo algumas exceções, eu não escolho as cidades. O fluxo do universo se encarrega disto.
Após passar por Amsterdam (utilizando o Couchsurfing) e por Leiden (acionando a minha rede global de contatos), cheguei em Nijmegen no dia 18/05 (recebendo a ajuda de uma família de Belém do Pará). A única informação que eu tinha sobre a cidade é que ela está na fronteira com a Alemanha, meu próximo destino.
Ao sair sozinha para explorar a região no primeiro dia, meu objetivo era chegar à feirinha orgânica local. Adoro sentir a energia do lugar através destes pequenos eventos. Vegetais e frutas da semana garantidos, continuei caminhando pelo charmoso centro histórico e me deparei com construções antes de 1500. Aos poucos, fui descobrindo que eu estava na cidade mais antiga dos Países Baixos, fundada pelos romanos no século I a.C. Uma preciosidade histórica!
Mas as surpresas não param por aí. No final da feirinha, uma construção inovadora e ecológica me chamou atenção. Ao rodear a pequena casa, encontrei um painel informando que aquele local era o Centro de Visitantes da Capital Verde da Europa no ano de 2018. Ainda em choque com a grata surpresa que a sincronicidade preparou para mim, entrei saltitante para obter mais informações.
Após quase uma hora conversando com o recepcionista sobre o título da cidade e com a mochila mais pesada com tanto material (livros, revistas e mapas) que ele me deu de presente, olhei para o céu ensolarado, sorri e agradeci pela oportunidade de explorar um local que tem total sintonia com o meu projeto pessoal.
Mas o que é uma Capital Verde?
Impulsionado pela Comissão Europeia, o Prêmio Capital Verde da Europa tem como principal objetivo reconhecer as cidades que estão liderando o caminho de uma vida urbana ambientalmente amigável.
De acordo com a revista Sustain Europe (edição Spring 2018), através da recompensa, colaboração e estratégia ambiental impulsionada, o prêmio motiva cidades em todo o continente a se tornarem mais saudáveis, mais verdes, mais sustentáveis e ecologicamente corretas, melhorando a qualidade de vida de seus cidadãos e reduzindo seu impacto no meio ambiente global. Lideram o caminho, tornando-se exemplos e definindo o padrão para o que pode ser alcançado com planos urbanos, de vida e futuro.
As três últimas cidades vencedoras foram Essen (Alemanha/2017), Liubliana (Eslovênia/2016) e Bristol (Inglaterra/2015). Jurados especialistas se reúnem para analisar 12 indicadores ambientais:
- Mudança climática: mitigação
- Mudança climática: adaptação
- Mobilidade urbana sustentável
- Uso sustentável da terra
- Natureza e biodiversidade
- Qualidade do ar
- Ruído
- Desperdício
- Água
- Crescimento verde e eco-inovação
- Desempenho energético
- Governança
Nijmegen demonstrou sucesso excepcional em todos esses critérios.
Conhecida também como a Capital do Ciclismo da Holanda, esta cidade portuária situada no rio Waal, a apenas 8 km da fronteira alemã, sempre foi estrategicamente importante. No passado para batalhas políticas, e agora por sua abordagem clara de desenvolver-se como uma cidade verde e sustentável.
Com uma população de 176 mil habitantes e um corpo discente significativo, oferece 92m² de espaços verdes para cada cidadão representando 24,8% da superfície total da cidade.
Sustentabilidade na prática
No Centro de Visitantes, descobri que poderia explorar as iniciativas sustentáveis da cidade através de quatro diferentes rotas verdes (duas caminhando e duas pedalando).
Todas abordam os cinco pilares abaixo:
- Cidade vital – Saudáveis e verdes juntos
- Transição energética – Feliz com sol e vento
- Mudança climática – Vida com água
- Economia circular – Tudo é útil
- Mobilidade inteligente – Transporte sustentável
Optei pelas duas mais longas (7,5 km caminhando e 40 km pedalando) e aprendi muito!
Para não tornar este texto muito longo, pretendo escrever sobre cada experiência em posts separados, começando com a caminhada (que eu estendi um pouco para quase 15 km).
Mesmo que o “turismo sustentável” não esteja na sua lista de prioridades, recomendo muito uma visita à Nijmegen.
3 thoughts on “Nijmegen – Capital Verde da Europa em 2018”
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